quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A flor da pele

Tem dias que eu acordo assim, melancólica
O dia amanhece cinzento e frio
Pessoas passam por mim e eu nem noto
Tudo fica em câmera lenta e o relógio volta atrás
Por mais que eu queira que o tempo corra pra que o dia acabe logo pra que eu possa deitar e dormir por algumas horas pra fugir de tudo, parece que ele demora mais ainda pra passar
As horas se arrastam e eu tento me segurar pra não deixar que ela me arraste com ela
Em dias assim tudo o que quero é ficar bem quietinha no meu canto, pensando sobre a vida e deixar as lágrimas lavarem minha alma
Desafogar

Eu tava pensando aqui nas diferentes sensações que as outras pessoas nos causam, sejam elas conhecidas ou não
Tem pessoas que são tão marcantes que fazem o meu humor do dia mudar
E nem precisa de muito contato, as vezes um “oi” basta, ou simplesmente um olhar
Algumas me trazem sempre a mesma sensação
Outras as vezes trazem sensações diferentes
Deve ser a energia que cada um carrega consigo

Em dias que to assim bodiada, prefiro ficar no meu canto
Não gosto de compartilhar energia ruim com as pessoas
Gosto de compartilhar coisas boas
E acho que é disso que tô sentindo falta, de compartilhar momentos bons com alguém
De compartilhar gargalhadas, histórias, abraços, um passeio no parque, uma barra de chocolate, uma canção...
Todo mundo tem algo bom pra compartilhar com o outro, eu tenho, e me sinto mal de guardar isso só pra mim, é egoísmo
Mas não é tão simples quanto parece compartilhar
Não dá pra compartilhar com qualquer um, pra que aconteça os dois devem estar abertos a isso, a dar e receber
E nem todas as pessoas estão dispostas a compartilhar, não porque elas não queiram, mas sim por não prestarem atenção a isso, por estarem desligadas ao quão importante isso é

Percebo que meus pensamentos ultimamente andam muito existencialistas
Talvez seja porque o meu momento agora é de por em prática tudo o que eu aprendi nos últimos meses e tudo o que eu prometi a mim mesma que não voltaria a fazer novamente, não vou corrigir os erros, porque esses já foram feitos, mas não quero voltar a cometê-los
É um exercício diário de se auto policiar, auto vigiar, de estar atenta a qualquer vacilo
Afinal são vícios, como qualquer outro, que pretendo abandonar

Agora olho pela janela e vejo que o sol apareceu pra iluminar o dia
E então percebo que aquele dia cinzento e frio o qual eu havia citado antes, não está lá fora, e sim aqui dentro de mim

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Ando tão à flor da pele,
Que qualquer beijo de novela me faz chorar,
Ando tão à flor da pele,
Que teu olhar flor na janela me faz morrer,
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser,
Ando tão à flor da pele,
Que a minha pele tem o fogo do juízo final.

Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo noutras suicido.

Oh sim eu estou tão cansado,
Mas não pra dizer,
Que não acredito mais em você
Eu não preciso de muito dinheiro graças a Deus
Mas vou tomar aquele velho navio,
Aquele velho navio..
Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo noutras suicido.


[ Zeca Baleiro – Flor da Pele ]

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