quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cérebro pra quê?

Nessa manhã enquanto tomava meu café a TV estava ligada e tive que ouvir já logo cedo a seguinte matéria: você prefere mulher com cintura fina ou um pouquinho mais larga? Aí o repórter andava pelas ruas de São Paulo com duas mulheres lindas de corpos sarados (com quase nenhuma diferença de cintura entre elas) e ia perguntando para os homens que ali passavam qual era a preferência deles.
No estúdio estava a apresentadora e as convidadas, entre elas a 2ª mulher de cintura mais fina de São Paulo. Que grande mérito, não?
Teve outra matéria onde a repórter saiu por um shopping medindo a cintura de algumas mulheres e perguntava pra elas qual a medida ideal de cintura, se estavam contentes com aquela medida, e claro que todas elas, mesmo estando saradas, não estavam contentes com o corpo e queriam BEM menos cintura. E uma das entrevistadas me lança a pérola: porque o padrão da mulher brasileira é pernão, bundão e cinturinha fina. Engraçado, não sabia que havia um PADRÃO de corpo. Queria saber quem foi essa pessoa que criou esse tal PADRÃO de corpo de mulher brasileira. Será que já no descobrimento do Brasil, Pedro Alvarez Cabral instituiu um padrão de corpo também? Estranho...
Aí teve a seguinte pergunta: você prefere mulher com 1% ou 0% de cérebro?
Claro que essa pergunta só teve dentro da minha cabeça enquanto eu custava a digerir meu leite com bolachas após ouvir tanta babaquice logo pela manhã.
Eu estudo tanto, procuro aprender e conhecer cada dia mais coisas novas, procuro tanto fugir da banalidade, do senso comum e aí vejo esse tipo de coisa e me dá um desânimo...
Eu ando tão preocupada em querer entender, olhar e mudar as coisas, e aí me deparo com pessoas, aliás, com um meio de comunicação de massa feito por pessoas para outras pessoas preocupados em definir PADRÕES estéticos como se fosse a coisa MAIS IMPORTANTE do mundo.
Por quê não vão fazer uma matéria lá no sertão e perguntam para qualquer pessoa ou criança daquelas famílias que passam fome e sofrem com a seca, o que elas acham de ter a cintura e o corpo mais sequinho do Brasil? Por quê não perguntam pra elas se elas se orgulham disso? Por quê não perguntam pra elas qual é a receita pra manter um corpo assim?
Vamos então inverter os papéis, manda esse povo do sertão morar pra cá, e manda pra lá todas as mulheres e toda a corja do PADRÃO morar pra lá, quero ver se orgulhar de ter cinturinha fina e corpo sequinho.


O QUÊ REALMENTE IMPORTA PARA AS PESSOAS DESSE PAÍS?

terça-feira, 27 de abril de 2010

Ainda

Ela ainda procura os espaços frios na cama
Ela ainda faz poses no espelho
Ela ainda conversa com seu mundo paralelo
Ela ainda acredita que aquele amor voltará
Ela ainda guarda cartas em suas caixas
Ela ainda sonha com ele e com o mar revolto
Ela ainda sente um vazio por dentro
Ela ainda dorme com seu travesseiro de infância
Ela ainda chora por muitas coisas
Ela ainda se transporta para o meio de um campo com flores do campo amarelas, corre e sente o vento nos seus cabelos
Ela ainda tem muitos sonhos e esperança
E enquanto ela ainda os tiver, ela estará VIVA!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O que ficou no meu porão

"a vida é um soco na boca do estômago"
"hoje eu acordei vazia, como as latas de leite condensado no meu quarto"
"hoje eu acordei apagada"
"sabe quando Deus ri da gente? quando fazemos planos para o futuro"
"aproveitar enquanto a gente tem"
"a morte é apenas um instante e não um momento interminável"
"você é feliz como eu?"
"eu espero ele entrar por aquela porta"
"O nome dela
Miss Lexotan 6mg garota
Ela não consegue relaxar
Ela não consegue nem ao menos dormir
Ela é tensa só porque seu amor não vive em São Paulo
Nem Porto Alegre, em lugar nenhum
Ela tem andado meio frígida
Tem se preocupado com as coisas do coração"

[P.O.R.Ã.O.]

Solidão entre muralhas de concreto

Sempre fui apaixonada pela cidade de São Paulo.
São Paulo da diversisade, dos avessos.
Ao mesmo tempo que acolhe tanta gente de tantos lugares diferentes, é a cidade dos solitários.
É aquele velho ditado: estar no meio de uma multidão e se sentir sozinho.
Caminhando a noite sem rumo pela rua Augusta, percebo as diferentes pessoas que preenchem aquela rua tão movimentada como se fosse um dia de festa, cada qual pertencente a um grupo distinto, mas ao mesmo tempo fazendo parte de um único local.
É o que torna a noite de São Paulo tão peculiar.
É a mistura de pessoas de todos os tipos, lugares, classes sociais...
E ao mesmo tempo, entre tanta gente junta, ser solitário.
Caminhar a noite na Paulista, em meio a todo o movimento, sempre surge aquela brisa que remete à solidão.
É uma sensação nostalgica.
Caminhar só, por entre tantos prédios e pessoas, e se sentir um pequeno grão.
Talvez sejam as frias muralhas de concreto que nos dão essa sensação.
E talvez as pessoas estejam se camuflando entre elas, ou se tornando uma delas.
São milhares de pessoas andando por aí em busca de algo.
Em busca do quê?
Amor? Dinheiro? Emprego? Amigos? Livro? Comida? Bebida? Abrigo? Conforto?
Quando falamos que saímos por aí sem rumo, na verdade não acredito 100% nisso, porque sempre saímos em busca de alguma coisa, de algo que pode ser trazido pelo acaso talvez.
Na verdade não existe sair sem rumo, porque estamos sempre em busca de algum rumo, senão nem sairíamos de casa.
Mas o fato é que a solidão é uma velha amiga nossa e as vezes ela só adormece, para que em alguns dias ela acorde batendo nas nossas costas.


continua...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Chega hoje um grande dia
E o que sinto é um grande mix de alegria, realização, tristeza, raiva, ansiedade
Ainda não consigo compreender se esse meu choro é de alegria ou tristeza
Só sei que hoje eu só tenho que chorar de alegria, mas não é fácil
Sei que hoje usarei meu traje disfarce
Disfarçar toda a dor que anda me corroendo por dentro, com um belo sorriso no rosto
As vezes é necessário usar os artifícios de atriz na vida real também


Sei que os Deuses me darão a força que eu preciso pra essa noite

terça-feira, 13 de abril de 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar

[ Cora Coralina ]