quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sentimentos livres

Ontem eu estava lendo a matéria de capa da revista Super Interessante desse mês, que fala sobre o amor, o início, meio e fim de um relacionamento. Falava de como funciona o nosso corpo quando nos apaixonamos, o que acontece no meio do relacionamento e até a crise dos 7 anos que geralmente leva ao fim do relacionamento, ou qual o segredo de alguns casais serem exceções. Também falava do porque mulheres são atraídas por um tipo X de homem e porque os homens são atraídos por um tipo Y de mulher. Enfim, falava de muitas coisas relacionadas ao relacionamento amoroso entre homem e mulher, e tudo sendo analisado e respondido com base em pesquisas científicas. Algumas coisas sim fazem sentido, é uma matéria curiosa eu diria.
Mas acho que tentar "simplificar" os sentimentos humanos com respostas dadas pela ciência não é o caminho. Responder cientificamente o porque de ser atraído por esse e não pelo outro, responder cientificamente sobre o desgaste da relação e sobre seu fim. E as pessoas que fogem a essa "regra" científica, os considerados exceções, como a ciência me explica isso?
Acho o ser humano uma espécie curiosa ao extremo, ser curioso é bom, mas acho que precisa ter um senso. Queria saber por quê raios, todas as coisas do mundo, sejam elas físicas ou não, precisam necessariamente de uma explicação científica?
Parece que a ciência tem que ter uma resposta pra TUDO, se não tiver o aval da ciência não é certo. Que mania chata do ser humano ter que fazer com que tudo seja concreto. Parece que tornar tudo concreto faz com que possa ser mais fácil controlado e dominado.
O fato é que o ser humano tem pavor de tudo aquilo que ele não domina. Tem pavor do desconhecido e daquilo que ele não tem como explicar ou comprovar.
O segundo fato é que sentimentos, são sentimentos e não importa por qual veia, ou nervo cerebral o sentimento W percorre. Se é amor, é amor, se é ódio, é ódio, se é alegria, é alegria, pronto, simples assim!
Aliás, simples nada, pois lidar com esse turbilhão de sentimentos que nos percorre dia-a-dia, mudando a cada minuto não é fácil. Então acho muito mais produtivo e eficaz, pra todos e pra si mesmo, tentar entender e trabalhar esses sentimentos, do que perder tempo tentando achar respostas (que pra mim são mais desculpas pra não encarar a real) científicas.
Os sentimentos estão aí pra serem sentidos, vivenciados e compartilhados, des dos mais belos aos mais grotescos, des dos mais suaves aos vicerais. Utilizar a ciência neste caso, é tirar nossa sensibilidade, mais do que já estamos (a maioria) insensíveis a tantas coisas que acontecem ao nosso redor.
Já que não temos a liberdade com a qual tanto sonhamos, tenhamos pelo menos os nossos sentimentos livres!

Um comentário:

Tânia Liberato disse...

Falou tudo, Carol!
Mania que a ciência tem de padronizar tudo, né? São estudos interessantes, é verdade, mas precisamos tomar conta prá não nos deixarmos escravizar por tantos "fatos".