Quem procura acha, ou não

Em meio a papéis dobrados, rasgados, rabiscados, anotações corridas, números e nomes, ela logo vê um papel escrito com tinta vermelha

Palavras e números os quais ela talvez não deveria ter encontrado naquela noite, ou talvez deveria

A curiosidade matou o gato, mas dessa vez a curiosidade quase levou ao enfarto

Como uma brincadeira de criança que a gente acha que nunca vai dar certo... pois é, ela tentou e deu certo

Ficou extasiada, em choque, arregalou os olhos e alí ficou olhando pra tela sem piscar, sem um movimento sequer

O único movimento era do seu coração que batia forte, forte e rápido, rápido

O coração que pulava forte dentro do peito como se fosse sair rasgando ou simplesmente saltar pela boca

Quando viu certa imagem ficou chocada, logo tirou conclusões e tentou investigar

Mas, será?

E não achou nada

Aliás, ela não achou nem a sí mesma pra sua surpresa, simplesmente ela foi deletada, bloqueada

Será que de sua vida também?

Ela tentou achar a sí mesma, procurou um por um e nada

Ela não está mais alí, ela não faz mais parte de lá

E na vida, e no real, será que ela ainda faz parte?

Ela tremia, o coração batia mais forte, sensação de medo, a face vermelha e quente, os pés frios, as mãos ligeiras, pra no final tudo isso dar lugar as lágrimas que assim preencheram os seus olhos

E ela volta a se questionar novamente sobre suas atitudes e decisões

POR MIM, NÃO!

Por favor, se algum dia for fazer algo por mim que seja de coração e não por obrigação

Se for fazer por obrigação, por favor nem comece a fazer

A não ser que você queira que eu me sinta um lixo, aí sim faça por obrigação

Ah e ainda reforce pra mim e para as outras pessoas que você TEVE que fazer tal coisa, só pra ficar mais bacana e criar um ar de auto piedade ou caridade

Não tô aqui pra mendigar nada de ninguém, tenho amor próprio!

Como diz o nome da peça: POR MIM, NÃO!

Não é por mim que você não vai ser feliz

Não é por mim que você vai fazer ou deixar de fazer

Não é por mim que você vai tomar decisões

Não é por mim que você vai se abandonar

Não é por mim que você vai se sacrificar

Não é por mim que você irá abrir mão

Não é por mim...

Não será por mim...

Por favor, POR MIM, NÃO!

CHEGA! EU TÔ CANSADA!

"O que me fez arremessar o mundo pra fora da minha vida foi a necessidade de ser feliz pelo menos uma vez!" [ Renata ]

Decidir é preciso

Nas horas em que mais preciso tomar decisões eu sou um fracasso

Não consigo decidir

Como não consigo me decidir?

Principalmente quando se trata de coisas muito importantes pra mim, parece ficar mais difícil

E o mais foda é ver como eu mudo de idéia rapidamente quando não estou muito certa da decisão a ser tomada

Ontem a tarde tomei uma decisão que me parecia a certa

A noite minha decisão foi botada em check

E hoje já acordei injuriada e pensando em abortar minha decisão

E agora me encontro aqui sem saber o que fazer, só que o tempo não está ao meu favor, ele voa e eu preciso tomar minhas decisões já

E mais uma vez eu me pego nas mesmas dúvidas, perguntas, medos

É o mesmo filme rodando mais uma vez, de certa forma um pouco diferente, mas são os mesmos personagens

Meu estômago arde, queima, enjoa

Puta que pariu que vontade de gritar, de sair correndo, de fechar os olhos pra tudo e seguir em paz

Essa pressão toda de final de ano

Eu não sei, eu realmente não sei o que fazer e ninguém pode fazer ou decidir por mim

Seguir a história a diante

Retomar a velha história

Começar uma nova história

Acho que já me acostumei com a minha nova história, eu só não quero aceitar isso, o meu lado racionalizado burro e cego não quer aceitar

E aceitar é o que eu mais preciso, não digo o conformismo, e sim aceitar de braços abertos o que chegou e o que ainda vai chegar, estar aberta e receptiva para o que está reservado pra mim

Aceitar, sem medo, sem crise e sem olhar pra trás

Eu quero aceitar, eu preciso aceitar

Eu quero decidir, eu preciso decidir pra no fim conseguir aceitar

Quero por inteiro

Porque querer por inteiro deve ser pedir demais

O que tenho em minhas mãos são metades, são partes

Partes que nada tem haver uma com a outra

Partes que não se encaixam como em um quebra cabeça

São partes completamente diferentes que não completam a mim

Talvez completem algo, mas não por inteiro

Talvez até complete por inteiro, mas eu não estou disposta a deixar completar

O motivo que impede tenho claro na mente

Mas será que o que completava antes ainda completa?

Será que são como roupas que com o passar do tempo não nos servem mais por termos engordado ou emagrecido demais e aí temos que sair pra procurar e comprar roupas novas?

Será que preciso de uma reforma geral no meu guarda roupa ou aquela roupa de tantos anos que tanto gosto ainda serve?

De alguma forma continuo na busca por respostas, por mais que a cada dia as respostas pareçam realmente não existir e as perguntas continuam rodando na minha cabeça me confundindo sempre

Só sei que eu não quero nada pela metade, eu quero por inteiro

Se é pra ser meu, tem que ser por inteiro

Posso não saber o que quero pra minha vida, mas tenho a certeza do que eu não quero

Conversar é mais do que bla bla bla

Perde-se a conta de quantas pessoas existem por aí ao redor do mundo

E talvez dê pra contar no dedos pessoas que realmente estão interessadas em conhecer gente interessante

Gente que tenha o que dizer, que não sejam portas

Perdeu-se a conversa sincera

Perdeu-se a conversa sem malícia

Perdeu-se o olhar nos olhos

O bate papo risonho

Poder falar sobre si sem medo

Poder escutar o outro sem desconfiança

Esse mundo moderno onde o enganado vira desconfiado

Tudo é superficial, não há opiniões divergentes, ninguém mais defende o seu pensar, é tudo concordante, opinião fechada popular, não há questionamento

Mesmice irritante, entediante

É sufocante, sinto um nó apertar-me a garganta

Será que já não existem mais pessoas pensantes nesse mundo?

Pessoas que acrescentem coisas novas?

Que defendam seu ponto de vista a ferro e fogo e vá contra a opinião, conceito e pré-conceito de tudo e todos?

Pelo o que eu saiba não fomos feitos da mesma forma, amém!

Mas tá tudo assim, tão igual, tão sem graça, tão previsível

E mesmo com tudo isso, ainda acredito no inesperado, aliás preciso acreditar, porque quando eu não mais acreditar no inesperado, serei apenas mais uma como os outros milhões de pessoas que existem por aí a fora e aí por favor, já encomendem a flor para o meu funeral

Me atirarei no mar direto pra boca de um tubarão faminto qualquer, antes ser engolida por ele do que por esse maldito sistema

É pedir demais uma conversa real e verdadeira?

Só quero conversar, conversar só isso

As coisas simples se tornam cada vez mais difíceis e escassas

Estariam as pessoas vazias?

O mundo estaria ficando oco?

Um mundo de cabeças ocas?

E se eu gritasse por socorro talvez ecoaria, mas ninguém me ouviria, como agora...

Aquele lance again

E de novo aquele velho lance de encaixotar, arrastar, esvaziar, guardar, empacotar, cobrir, descobrir, levar, buscar, separar, organizar, limpar, abrir, fechar, tirar, colocar, doar, jogar...

Mudar

Se adaptar

Again

Again

Não querer mudar

Não querer precisar se adaptar

Again

Again

Do externo para o interno

É preciso de paciência

Elevada ao quadrado

Deixar pra traz a história, a memória

Deixar pra traz o que um dia já foi chamado de lar, meu lar

Cada canto, cada cômodo, cada parede

Testemunhas caladas de acontecimentos que marcaram minha história

Um novo lugar, não tão novo assim, pra chamar de lar

Talvez não tão doce, mas será um lar

Mas não um lar pra chamar de meu