quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Hora do adeus

A morte é uma questão foda
Até mesmo quando a gente já espera por ela, quando já sabemos que ela está chegando e que não há mais nada a se fazer para adiá-la
Hoje meu dia se resumiu assim
Entre lágrimas, parentes, flores, caixão, túmulos, cimento
Hoje meu avô partiu
Deixará saudades e lembranças
Foi uma partida difícil, ele relutava e com isso sofria
A morte pode ser algo triste, mas em certos casos ela se faz necessária e traz consigo alívio
E foi assim
Alívio pra toda dor, todo sofrimento, dele e da família
É intrigante ver como o que temos por dentro muda nosso semblante e nosso corpo
Meu enquanto estava no hospital, mostrava um semblante cizudo, uma cara fechada, uma cara de dor
E hoje alí deitado no caixão, parecia uma outra pessoa
Demonstrava um semblante sereno, calmo, rejuvenescido, curado
Estava bonito... de barba feita, terno marrom, pele lisinha
Nessas horas a gente sempre tenta ser forte
Mas na hora em que o caixão se fecha e ouvem-se as badaladas do sino do cemitério, vem um desespero, um sufocamento, a ficha cai e aí você se liga: é o fim
Por mais que eu saiba que o que está sendo enterrado é apenas a matéria, que o que realmente importa é a alma, a hora de fechar o caixão pra mim é a pior hora, porque sei que meus olhos nunca mais o verão e os olhos da minha alma deixam registrada essa imagem na minha memória, por mais que eu não queira
E meu avô que sempre foi pedreiro terminou assim, com o coveiro cimentando a tampa da gaveta em que foi colocado seu caixão
Irônico ?
Em posts antigos já falei de como a vida é irônica
Mas a morte também se mostra irônica
Esse post é nu e cru, assim como a vida e a morte são, sem rodeios
Sei que agora ele está em paz e vai ter o seu descanso mais do que merecido
Siga em direção a luz meu !
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Aproveitei que eu estava no cemitério e fui até o túmulo onde está enterrado meu ex namorado, o meu primeiro
Fui deixar rosas vermelhas, porque sei que ele gosta
É incrível como a saudade é sempre presente
Mas hoje o que sinto é diferente do sentimento de quando ele partiu
Eu sofri demais, não queria aceitar, doía demais
Mas depois de aceitar, o que ficou foi a saudade dos nossos momentos e a sensação de que ele está em paz
Fotos, presentes, cartas deixam ele perto de alguma forma
A música que ele me deixou antes de partir tá marcada em mim
Tento ainda imaginar como estariam as coisas se ele ainda estivesse aqui
Foram momentos tão bons e tão novos pra mim
E deixou marcas em mim que se mostram presentes
E eu nunca disse à ele o quanto ele foi importante na minha vida
Talvez porque eu ainda não tinha descoberto isso a tempo
Mas um dia a gente ainda se encontra pra dizer tudo o que não foi dito
"Você faz falta!"

Um comentário:

Caio Bruno disse...

Diz o ditado chavão que a "morte é a única certeza da vida". Realmente é. Mas seres humanos tem dificuldade para aceitar isso.

E sou como você, Carol, a hora que fecha o caixão é a pior. Mesmo sabendo que ali não há mais nada. Mas é a sensação de nunca mais ver. De uma história que se acaba.
É foda.

PS: Nossa nem sabia que você teve um namorado que faleceu. Que coisa né?