sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Livrar-se

Ela sentou alí mesmo no chão
Com um embrulho de papel na mão vazio
Começou a colocar alí sua ilusões
Seu amor não correspondido
Seu amor pertencente a outra
Seu amor que não volta
O amor que nunca veio
Aquele amor passageiro
E aquele outro devastador
Aquele amor de uma noite só
E aquele outro da vida inteira

Depois de algumas horas ali sentada
Despachando todas as suas angústias pra dentro do saco de papel
O embrulho já estava bem cheio e só faltava colocar mais uma última coisa alí dentro
O seu coração
Ao colocar o seu coração alí no embrulho que já transbordava
Não suportou o peso e rasgou-se
Derrubando tudo o que ela já havia depositado alí dentro, no chão de asfalto úmido e frio

Pegou então tudo de volta
Levantou-se
Deixou pra trás alí no chão apenas o embrulho de papel rasgado
E caminhou cabisbaixa de volta pra casa

Ela não consegue se livrar de tudo isso

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