sexta-feira, 4 de julho de 2008

Estado passional

[ Chico Buarque - Atrás da Porta ]

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei
Sobre teu corpo e duvidei

E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho

Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Só pra provar que ainda sou tua




Na próxima peça a qual estou fazendo parte do processo de montagem falaremos sobre a passionalidade, crimes passionais e enfim sentimentos fortes que levam as pessoas a cometer atos passionais, sendo esse sentimento o amor.
Matar alguém por amor, se anular por causa de alguém, abdicar de tudo por causa de um amor, fazer loucuras... sair do seu estado de sanidade e cometer atos passionais ocasionados por esse sentimento fulminante, onde a razão não tem vez e você é controlado diretamente pela emoção.
O interessante é observar quantas histórias existem, quantos casos relatados sobre isso.
Todo mundo já deve ter passado por um amor avassalador. Quem é que nunca sofreu por amor?
Aliás estava eu me questionando outro dia: "Poxa tem tantas outras coisas pra eu me importar, outras coisas pra eu me dedicar e ficar bem, mas parece que quando o lado amoroso não vai bem parece que tudo está mal, por que isso?"
Parece que o amor é algo vital, que não conseguimos seguir adiante alegres e contentes se esse lado não tá resolvido. Aí as vezes penso, "aaahh isso é coisa de mulher!" mas não é não! Por mais que esse mundo seja machista e não admita, tem uma porção de homem por aí sofrendo da mesma dor que eu e mais uma renca de mulher por aí.
Mas será que vale a pena sofrer por amor?
Eu acredito que não, que não vale a pena, mas é inevitável porque o que está em jogo não são só seus sentimentos, tem os sentimentos de um outro alguém na jogada também. E se já é difícil entender e controlar os nossos próprios sentimentos, imagine o do outro! Impossível!
Na verdade o que fode é tentar controlar o incontrolável. A gente tem mania de querer ter controle de tudo e na verdade não temos o controle de NADA! Ao invés de curtir o momento, deixar as coisas acontecerem naturalmente a gente vai lá e acelera porque não temos paciência e aí fodemos com tudo! As coisas não acontecem no tempo que queremos, tudo tem seu tempo!
Mas tempo e amor são coisas que as vezes não combinam muito.
Quanto tempo ainda tenho que esperar pra que seja o tempo certo de retomarmos ao nosso bom e velho tempo juntos?
A resposta dessa pergunta eu não tenho e nem sei se terei.
O tempo pode ser parceiro ou inimigo dos amores. Tempo pra pensar e reatar com um gostinho de novo ou tempo pra pensar e continuar pensando pra todo e sempre, pois depois de algum tempo o seu amor pode ter escolhido dividir o tempo com um outro amor. E é nessa hipótese na qual eu não quero pensar, mas penso, penso e tento me preparar caso isso aconteça, ou já esteja acontecendo, vai saber. Não sou dona dele, por mais que o amor as vezes se confunda com sentimento de posse.
Tem horas que meus pensamentos chegam no auge e me dá aquela vontade de cometer insanidades. Mas acho que ainda há uma parte sã em mim, e agradeço por isso!
Vontade de ligar, de sair correndo até a tua casa e contar as coisas que preciso contar, te agarrar, te beijar, me entregar e dizer que ainda sou tua.
Mas será que você ainda é meu?
O teu silêncio não me diz nada.
Fico apenas com o espaço vazio que há em mim, tentando preencher com álcool, fumaça e ilusões.
Vou tapando meus buracos com distrações enquanto você não chega pra me preencher por completo mais uma vez.
E aí me questiono, será que estamos prontos pra isso mais uma vez agora?

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